Em 1967 ainda não era nascida.
Mas quando chove mais um pouco, a minha mãe relembra sempre esse trágico episódio.
Aqui perto, nas Quintas a tragédia roubou a vida a família inteiras.
Hoje aqui sentada no meu quarto, enquanto ouço o caos que a cidade de Lisboa, e não só atravessa por causa da chuvinha desta noite, ouço que as linhas de comboio estão cortada , engarrafamentos por todo o lado...
O pais está um caos, como de costume quando S.Pedro decide abrir um pouco mais a torneira!
Só os próprios que passaram pela tragédia podem tentar explicar os seus sentimentos.
Qual é a sensação de ver familiares arrastados pelas correntes fortes, qual a sensação de ver as mão nas paredes perto dos tectos, na luta por uma saída ...
Os pais que viram os filhos morrerem...
Nem consigo imaginar!
Ontem, um grande programa da Maria Elisa relembrou a tragédia.
Via-se o rosto emocionado de vários sobreviventes, tentando controlar a emoção à medida que relatavam os acontecimentos.
Um Sr. . com a sua irmã perdeu o pai, vários irmãos, tios!
Os estudantes e então, que tentavam passar para o pais a realidade, lutando contra a censura!
Sim, Maria Elisa transcreveu dum livrinho dum censor algo que me impressionou!
Um censor dizia para não se mostrar os caixões dos mortos, não havia necessidade.
Ou para não focarem os mortos que jaziam nas ruas cheias de lama, e objectos.
Isto já para não dizer que devem ter cortado nos mortos!
Afianl o que interessava numa localidade como as Quintas, que tenham desaparecido 100 pessoas, e que só sobreviveram 50!
Qual o interesse do pais nestas situações?
Outra questão levantada e bem pelos convidados deste ,que me parece ser um excelente programa foi os erros arquitectónicos que continuamos a cometer!
Sim, construímos onde os rios passam.
Desviamos riachos, cortamos árvores, com os incêndios desaparecem florestas sem que ninguém faça um planeamento para replantar as árvores.
A ganância faz-nos alterar terrenos agrícolas , para terrenos urbanos que depois são vendidos a preço de ouro!
Construimos túneis, estradas, pontes e casas onde não devemos.
Enfim não respeitamos a natureza!
Estamos cá de passagem e não aprendemos com os erros do passado.
Sim as grande cheias foram em 67, depois houve outras nos anos 80, e outro nos anos 90.
Estas duas de menores dimensões...mas catastróficas.
E podem crer que daqui a trinta ou quarenta anos vamos pagar o preço dos erros de agora.
Em pleno séc. XXI com a tecnologia que os nossos antepassados não possuíam , com os conhecimentos, ciência, e dinheiro que o pais não possuía ou não utilizava nos séc. passados, cometemos os mesmos erros, ou piores!
E daqui a trinta anos vamos ser considerados umas bestas, que construímos estádios de futebol para nada, e fechámos hospitais, escolas, maternidades e construímos mamarrachos que não contribuem para o desenvolvimento do pais e dos seus povos!
Vale a pena dizer mais alguma coisa?
Não!
Só quero deixar aqui uma respeitosa homenagem a todos os que perderam familiares ou amigos nas grandes cheias.
O pais não esquece, a memória perdurará perante todos.
Bem Hajam.